Centrais sindicais realizam ato unificado contra retrocessos trabalhistas
- quarta-feira, 17 de agosto de 2016.
Os ataques do governo interino de Michel Temer (PMDB) contra os direitos trabalhistas uniram oito centrais sindicais na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), nesta terça-feira (16).
Em Natal, sindicatos de várias categorias realizaram caminhada, do Hospital Walfredo Gurgel até a Governadoria, no Centro Administrativo. Participaram do ato a CUT, CTB, Força Sindical e Conlutas.
A convocação foi feita em todos os estados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pela Força Sindical, pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), pela CSP Conlutas - Central Sindical e Popular, pela Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), pela Intersindical, pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e pela Nova Central.
Na capital paulista, o ato reuniu aproximadamente 6 mil pessoas em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Desde as eleições presidenciais de 2014, os sindicatos não realizavam atos em uma frente única.
Para Juvandia Moreira Leite, presidenta da Federação dos Bancários, a escolha da Fiesp como ponto de encontro se deu por uma questão de simbologia. "Com a intenção de retirar direitos, a federação foi protagonista nessa conjuntura. Ela quer reduzir o custo do trabalho, quer que os trabalhadores paguem a conta [da crise]. O que queremos dizer, todos juntos, é que vamos lutar, resistir e não vamos permitir isso", explicou a dirigente.
Além das alterações nas regras para a aposentadoria com a reforma da Previdência, o ato também foi um protesto contra a terceirização, as propostas de flexibilização do trabalho e a PEC 214, que congela gastos do Governo Federal para as pastas de Saúde e Educação.
O projeto da terceirização, para o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro (o Índio), é o mais grave de todos, porque não garante, em sua visão, nenhuma proteção aos trabalhadores, além de impedi-los de se organizar em sindicatos e organizações políticas.
Divergências
Apesar das divergências em relação ao impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff (PT), a dirigente aposta que união entre as centrais é fundamental. "A CUT sozinha não consegue impedir que esses ataques se concretizem. A CTB sozinha também não, nem a Força Sindical. Se enxergamos diferente se [o processo de impeachment] é ou não um golpe de Estado, a leitura da perda dos direitos eles também fazem. Então, que estejamos juntos naquilo que nos une, que é a defesa dos direitos da classe trabalhadora", analisou.
A Força Sindical, a CTB, a UGT e a Nova Central foram convidadas por Temer para discutir a reforma da Previdência e estão negociando com o governo interino desde maio.
O deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), presidente nacional da Força Sindical, votou a favor do processo de impeachment de Dilma e é cotado para assumir a pasta do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), cuja recriação foi anunciada na última quinta (11).
Seu filho, o deputado estadual paulista Alexandre Pereira da Silva (SD), foi nomeado para o cargo de superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Paulo.
A CUT e a Intersindical, por sua vez, negam-se a negociar com o atual governo por considerá-lo ilegítimo.
Índio afirma que o ponto de união entre todas as centrais sindicais é o conjunto de ataques que estão sendo pautados no Congresso Nacional. Por isso, o momento justifica a construção de atos unificados, inclusive com as centrais que mantêm relação com o governo ou que apoiaram o Temer.
"Ainda há muita divergência, e elas vão continuar existindo, mas vamos preservar as diferenças e construir a unidade mais ampla possível em torno dos direitos dos trabalhadores, da redução dos juros e da retomada do crescimento econômico", disse.
Quanto às divergências, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (o Juruna), afirmou que também "é assim no local de trabalho", onde "nem todo mundo pensa igual". "Fica, Dilma" ou "Fora, Temer", os trabalhadores continuam lutando pelos seus direitos", disse.
Segundo ele, os sindicatos continuam com as negociações com o governo, mas que não houve nenhuma proposta do peemedebista. "Todas as propostas que o governo está fazendo não são aceitas nem mesmo pelos sindicatos que estão em diálogo com ele. Nós não tivemos nenhuma proposta clara", disse.
Greve Geral
As centrais prometem organizar uma greve geral no país caso as pautas avancem no Congresso, e os próximos passos da unidade entre os sindicatos serão a pauta das próximas reuniões entre as lideranças.
"A união tem que se concretizar em atos de paralisação. Um calendário está sendo pensado para se pensar essas ações. Hoje é um ato de rua, mas a ideia é fechar os bancos, as fábricas, as escolas e uma greve geral, se necessária for", disse a presidenta da Federação dos Bancários.
Segundo Adilson Araújo, presidente nacional da CTB, os movimentos organizados vão iniciar uma via-crúcis para fomentar uma greve geral que mantenha diálogo com a sociedade.
"Uma greve em que se pavimente um ambiente com uma perspectiva da retomada do desenvolvimento, dando centralidade ao trabalho, diferentemente do projeto que Temer deve implantar", disse.
No Brasil, há mais de 9 milhões de trabalhadores associados a sindicatos que estão filiados a centrais sindicais. Segundo índices do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2015, a CUT registrou 31,7% destes sindicalizados, seguida da Força Sindical, com 10,8%, CTB, com 10,36% e UGT, com 10,30%.
FONTE: BRASIL DE FATO
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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Em Natal, sindicatos de várias categorias realizaram caminhada, do Hospital Walfredo Gurgel até a Governadoria, no Centro Administrativo. Participaram do ato a CUT, CTB, Força Sindical e Conlutas.
A convocação foi feita em todos os estados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pela Força Sindical, pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), pela CSP Conlutas - Central Sindical e Popular, pela Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), pela Intersindical, pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e pela Nova Central.
Na capital paulista, o ato reuniu aproximadamente 6 mil pessoas em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Desde as eleições presidenciais de 2014, os sindicatos não realizavam atos em uma frente única.
Para Juvandia Moreira Leite, presidenta da Federação dos Bancários, a escolha da Fiesp como ponto de encontro se deu por uma questão de simbologia. "Com a intenção de retirar direitos, a federação foi protagonista nessa conjuntura. Ela quer reduzir o custo do trabalho, quer que os trabalhadores paguem a conta [da crise]. O que queremos dizer, todos juntos, é que vamos lutar, resistir e não vamos permitir isso", explicou a dirigente.
Além das alterações nas regras para a aposentadoria com a reforma da Previdência, o ato também foi um protesto contra a terceirização, as propostas de flexibilização do trabalho e a PEC 214, que congela gastos do Governo Federal para as pastas de Saúde e Educação.
O projeto da terceirização, para o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro (o Índio), é o mais grave de todos, porque não garante, em sua visão, nenhuma proteção aos trabalhadores, além de impedi-los de se organizar em sindicatos e organizações políticas.
Divergências
Apesar das divergências em relação ao impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff (PT), a dirigente aposta que união entre as centrais é fundamental. "A CUT sozinha não consegue impedir que esses ataques se concretizem. A CTB sozinha também não, nem a Força Sindical. Se enxergamos diferente se [o processo de impeachment] é ou não um golpe de Estado, a leitura da perda dos direitos eles também fazem. Então, que estejamos juntos naquilo que nos une, que é a defesa dos direitos da classe trabalhadora", analisou.
A Força Sindical, a CTB, a UGT e a Nova Central foram convidadas por Temer para discutir a reforma da Previdência e estão negociando com o governo interino desde maio.
O deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), presidente nacional da Força Sindical, votou a favor do processo de impeachment de Dilma e é cotado para assumir a pasta do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), cuja recriação foi anunciada na última quinta (11).
Seu filho, o deputado estadual paulista Alexandre Pereira da Silva (SD), foi nomeado para o cargo de superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Paulo.
A CUT e a Intersindical, por sua vez, negam-se a negociar com o atual governo por considerá-lo ilegítimo.
Índio afirma que o ponto de união entre todas as centrais sindicais é o conjunto de ataques que estão sendo pautados no Congresso Nacional. Por isso, o momento justifica a construção de atos unificados, inclusive com as centrais que mantêm relação com o governo ou que apoiaram o Temer.
"Ainda há muita divergência, e elas vão continuar existindo, mas vamos preservar as diferenças e construir a unidade mais ampla possível em torno dos direitos dos trabalhadores, da redução dos juros e da retomada do crescimento econômico", disse.
Quanto às divergências, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (o Juruna), afirmou que também "é assim no local de trabalho", onde "nem todo mundo pensa igual". "Fica, Dilma" ou "Fora, Temer", os trabalhadores continuam lutando pelos seus direitos", disse.
Segundo ele, os sindicatos continuam com as negociações com o governo, mas que não houve nenhuma proposta do peemedebista. "Todas as propostas que o governo está fazendo não são aceitas nem mesmo pelos sindicatos que estão em diálogo com ele. Nós não tivemos nenhuma proposta clara", disse.
Greve Geral
As centrais prometem organizar uma greve geral no país caso as pautas avancem no Congresso, e os próximos passos da unidade entre os sindicatos serão a pauta das próximas reuniões entre as lideranças.
"A união tem que se concretizar em atos de paralisação. Um calendário está sendo pensado para se pensar essas ações. Hoje é um ato de rua, mas a ideia é fechar os bancos, as fábricas, as escolas e uma greve geral, se necessária for", disse a presidenta da Federação dos Bancários.
Segundo Adilson Araújo, presidente nacional da CTB, os movimentos organizados vão iniciar uma via-crúcis para fomentar uma greve geral que mantenha diálogo com a sociedade.
"Uma greve em que se pavimente um ambiente com uma perspectiva da retomada do desenvolvimento, dando centralidade ao trabalho, diferentemente do projeto que Temer deve implantar", disse.
No Brasil, há mais de 9 milhões de trabalhadores associados a sindicatos que estão filiados a centrais sindicais. Segundo índices do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2015, a CUT registrou 31,7% destes sindicalizados, seguida da Força Sindical, com 10,8%, CTB, com 10,36% e UGT, com 10,30%.
FONTE: BRASIL DE FATO
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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