As poesias de Gidélia Oliveira em homenagem as mulheres
- segunda-feira, 8 de março de 2021.
SER MULHER
Ser mulher é tarefa difícil
Nos primórdios da humanidade
Na média idade e agora
Responsável e ordeira
Mas foi de forma ardilosa
Que apaziguou o mais vil
E cuidou da paz na cidade
Mesmo sem ser percebida
Despercebida e injustiçada
Sempre por trás das cortinas
Participou de grandes feitos
Mas ao reconhecimento devido
Jamais teve o direito
Seus companheiros curadores
Levavam todos os louros
E só lhes incutiram defeitos
Defeitos que hoje ainda
Lhes são tão bem elencados
Uns lhes acham tagarelas
Alguns outros, fofoqueiras
Sem falar que as acham choronas
Que vivem sem eira nem beira
Dá mais feia a mais bela
Que são covardes e até turronas
Turronas por insistir
Por querer consertar o mundo
Mesmo que para tanto, as vezes
Destroem-se mental e fisicamente
Mas, persistem em seus propósitos
Ignoraram seus sentimentos
Buscando um novo porvir
Cordatas e resilientes
Resiliência é seu nome
Tantas tarefas a desempenhar
Ou mesmo as situações
As quais têm que se acostumar
As vidas que delas vêm
Que na maioria das vezes
Abandonadas, destroçadas
Ainda os livra da fome
Da fome que as assola
De forma tão desigual
Clamando por justiça
Em forma de igualdade
Em direitos e obrigações
Para não ter como ritual
Servir quem só as amola
Nos mais diversos rincões
Rincões que mesmo distintos
Ajuda a manter e florescer
Com seu espírito de luta
Seu trabalho diário
Sua vontade de crescer
Transforma todos os cenários
Com seu sorriso mais belo
E seus aguçados instintos
Instintos que as mantém alertas
Priorizando a união do gênero
Entendendo que a cada abraço
A cada mão estendida,
Cada experiência, em si desperta
Tece a rede de solidariedade
Fortalecendo afetos, laços
O pertencimento e a sororidade
Sororidade que as unifica
Que as aproxima e iguala
Amenizando as fragilidades.
Que a cada mão estendida
Anulam-se as vulnerabilidades
De todas as mulheres possíveis
Nascidas ou redescobertas
Tornando-as menos invisíveis
Gi Poetisa
SE O MACHISMO MATA, MATEMOS O MACHISMO
"Fico chocada a cada notícia de feminicidio. Chocada por ver quão pouco é feito no sentido de desconstruir a objetificacao da mulher, da figura do homem viril que tem que traçar todas e não pode ser contrariado, a ponto de ceifar vidas que não se submetem ao seu desejo.
Quantas Marias já perderam suas vidas, quantas mais perderão? Quantas Fátimas serão multiladas, ou modelos e atletas violentadas, para que acordemos e vejamos que, em grande medida, todos somos cúmplices? Quando um feminicidio é praticado com requintes de crueldade, parte da sociedade fica alarmada e até clama por justiça, enquanto muitos ainda se atrevem a pensar, e pasmen, até externar que Maria fez por merecer.
A cada autoridade que sucumbe ao machismo, é um motivo para reuniões, mudanças nas leis, nas metas do Conselho Nacional de justiça. Atitude louvável, em certa medida, porém em vão, como enxugar gelo, a simples idéia de diminuir a sensação de impunidade não resolve um problema tão complexo, porque condenar e prender o agressor, sem no entanto faze-lo compreender a dimensão do seu ato, ou mesmo que todos somos partícipes, não é inteligente ou efetivo.
Para tanto, se faz necessário não somente fortalecer a rede de proteção, mas sim, realizar um trabalho educativo utilizando os aparelhos ideológicos estatais, principalmente a Escola, com conteúdos previamente elaborados, em um esforço conjunto onde não somente professores, mas também psicólogos, sociólogos, antropólogos, juristas, enfim todos os profissionais que possam contribuir, no sentido de ações de valorização da mulher enquanto ser humano, em sua igualdade de direitos e obrigações, implantando-se um verdadeiro sistema de freios e contrapesos nas relações de poder, incluindo-se a mídia como colaboradora.
Além da desconstrução da atual imagem masculina, que por reprodução de comportamento é muitas vezes cultivada por pais e mães. Mães que também são vítimas do patriarcado e não percebem o quanto são exploradas e desvalorizadas enquanto carregam a sociedade nas costas, literalmente, e ainda são taxadas de improdutivas. Imagem que torna alguns homens insensíveis a diversos problemas do cotidiano, mas que também faz sofrer os, que por maior sensibilidade, têm uma compreensão diferenciada de sociedade, da divisão do trabalho, da necessidade de mais equidade nas relações sociais e principalmente de gênero.
Até quando Marias, Penhas, Fátimas e Clarices continuarão a lamentar atitudes machistas, ou mesmo seus familiares irão chorar sobre seus corpos inertes?
Precisamos compreender que todos somos responsáveis. Que cada palavra, ação ou omissão, contribuem para a perpetuação dessa imagem inferior, dessa posição subalterna que cabe as Marias.
Cada vez que se aplaude uma fala ou atitude misógena, cada vez que uma Maria é apalpada, não somente para saciar a lasciva do aliciador, mas também para que sirva de diversão aos que assistem, se está, em certa medida, corroborando com a manutenção do status atual, e que somente com um esforço conjunto poderemos a médio e longo prazo coibir esses comportamentos reprováveis, tão comuns no cotidiano das Marias."
(Gi Poetisa)
MULHER MENINA - MENINA MULHER
"Essa mulher que se recusa a deixar de ser menina, por não ter condições de suportar as amarguras que acompanham a maturidade, as vezes é fogo, é turbilhão de emoções fortes que dilaceram os corações no entorno. Porém, por vezes é ternura, abraço de mãe capaz de confortar o mais dilacerado coração, mostrando empatia ao menor sinal de injustiça ou intolerância com o outro, abandonando sua família nuclear para se tornar presente nessas situações.
Nela a emoção suplanta a razão, o que a faz muitas vezes agir de forma precipitada, causando dor e divisão, não só aos outros, mas também em si. Até quando continuará fugindo da maturidade, das lições que a vida generosamente lhes oferece? Até quando fugirá da dor que é crescer, pois todo crescimento demanda não só sofrimento, mas também morte.
Foi pela morte que recebemos o dom da vida. Nossos acestais tiveram que ir para outro plano para que pudéssemos continuar suas jornadas, por meio de seus ensinamentos e exemplos de vida.
É também pela morte da flor que nascem os frutos, que ao morrer dão início a novas vidas, pois a natureza é cíclica, e nós enquanto dela integrantes também o somos. Nascemos, crescemos, nos reproduzimos e partimos. Partimos para que nosso exemplo e plantio, venha a beneficiar novos seres. Então pensemos, será que esse medo de crescer não está obstruindo o dom da vida?
Será que ao lutar contra o amadurecimento não estará errando a mão no plantio? Como colherá bons frutos se não semeou no momento, quantidade e espaçamento adequados?
Assim como na natureza, ocorre com as vidas humanas, toda ação demanda uma reação e para termos tranquilidade e paz interior temos que buscar o autoconhecimento, mergulhar fundo na alma para entender o que causou as feridas, para assim buscar a cicatrização destas, e evitar que novas surjam. É preciso compreender que buscar a realização pessoal cabe a cada ser, que não podemos projetar nossa realização no outro, seja companheiro, amigos ou filhos, pois cada ser é único e, que é essa unicidade que o torna responsável por sua própria evolução, e torna a convivência entre os seres um eterno aprendizado."
(Gi Poetisa)
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Ser mulher é tarefa difícil
Nos primórdios da humanidade
Na média idade e agora
Responsável e ordeira
Mas foi de forma ardilosa
Que apaziguou o mais vil
E cuidou da paz na cidade
Mesmo sem ser percebida
Despercebida e injustiçada
Sempre por trás das cortinas
Participou de grandes feitos
Mas ao reconhecimento devido
Jamais teve o direito
Seus companheiros curadores
Levavam todos os louros
E só lhes incutiram defeitos
Defeitos que hoje ainda
Lhes são tão bem elencados
Uns lhes acham tagarelas
Alguns outros, fofoqueiras
Sem falar que as acham choronas
Que vivem sem eira nem beira
Dá mais feia a mais bela
Que são covardes e até turronas
Turronas por insistir
Por querer consertar o mundo
Mesmo que para tanto, as vezes
Destroem-se mental e fisicamente
Mas, persistem em seus propósitos
Ignoraram seus sentimentos
Buscando um novo porvir
Cordatas e resilientes
Resiliência é seu nome
Tantas tarefas a desempenhar
Ou mesmo as situações
As quais têm que se acostumar
As vidas que delas vêm
Que na maioria das vezes
Abandonadas, destroçadas
Ainda os livra da fome
Da fome que as assola
De forma tão desigual
Clamando por justiça
Em forma de igualdade
Em direitos e obrigações
Para não ter como ritual
Servir quem só as amola
Nos mais diversos rincões
Rincões que mesmo distintos
Ajuda a manter e florescer
Com seu espírito de luta
Seu trabalho diário
Sua vontade de crescer
Transforma todos os cenários
Com seu sorriso mais belo
E seus aguçados instintos
Instintos que as mantém alertas
Priorizando a união do gênero
Entendendo que a cada abraço
A cada mão estendida,
Cada experiência, em si desperta
Tece a rede de solidariedade
Fortalecendo afetos, laços
O pertencimento e a sororidade
Sororidade que as unifica
Que as aproxima e iguala
Amenizando as fragilidades.
Que a cada mão estendida
Anulam-se as vulnerabilidades
De todas as mulheres possíveis
Nascidas ou redescobertas
Tornando-as menos invisíveis
Gi Poetisa
SE O MACHISMO MATA, MATEMOS O MACHISMO
"Fico chocada a cada notícia de feminicidio. Chocada por ver quão pouco é feito no sentido de desconstruir a objetificacao da mulher, da figura do homem viril que tem que traçar todas e não pode ser contrariado, a ponto de ceifar vidas que não se submetem ao seu desejo.
Quantas Marias já perderam suas vidas, quantas mais perderão? Quantas Fátimas serão multiladas, ou modelos e atletas violentadas, para que acordemos e vejamos que, em grande medida, todos somos cúmplices? Quando um feminicidio é praticado com requintes de crueldade, parte da sociedade fica alarmada e até clama por justiça, enquanto muitos ainda se atrevem a pensar, e pasmen, até externar que Maria fez por merecer.
A cada autoridade que sucumbe ao machismo, é um motivo para reuniões, mudanças nas leis, nas metas do Conselho Nacional de justiça. Atitude louvável, em certa medida, porém em vão, como enxugar gelo, a simples idéia de diminuir a sensação de impunidade não resolve um problema tão complexo, porque condenar e prender o agressor, sem no entanto faze-lo compreender a dimensão do seu ato, ou mesmo que todos somos partícipes, não é inteligente ou efetivo.
Para tanto, se faz necessário não somente fortalecer a rede de proteção, mas sim, realizar um trabalho educativo utilizando os aparelhos ideológicos estatais, principalmente a Escola, com conteúdos previamente elaborados, em um esforço conjunto onde não somente professores, mas também psicólogos, sociólogos, antropólogos, juristas, enfim todos os profissionais que possam contribuir, no sentido de ações de valorização da mulher enquanto ser humano, em sua igualdade de direitos e obrigações, implantando-se um verdadeiro sistema de freios e contrapesos nas relações de poder, incluindo-se a mídia como colaboradora.
Além da desconstrução da atual imagem masculina, que por reprodução de comportamento é muitas vezes cultivada por pais e mães. Mães que também são vítimas do patriarcado e não percebem o quanto são exploradas e desvalorizadas enquanto carregam a sociedade nas costas, literalmente, e ainda são taxadas de improdutivas. Imagem que torna alguns homens insensíveis a diversos problemas do cotidiano, mas que também faz sofrer os, que por maior sensibilidade, têm uma compreensão diferenciada de sociedade, da divisão do trabalho, da necessidade de mais equidade nas relações sociais e principalmente de gênero.
Até quando Marias, Penhas, Fátimas e Clarices continuarão a lamentar atitudes machistas, ou mesmo seus familiares irão chorar sobre seus corpos inertes?
Precisamos compreender que todos somos responsáveis. Que cada palavra, ação ou omissão, contribuem para a perpetuação dessa imagem inferior, dessa posição subalterna que cabe as Marias.
Cada vez que se aplaude uma fala ou atitude misógena, cada vez que uma Maria é apalpada, não somente para saciar a lasciva do aliciador, mas também para que sirva de diversão aos que assistem, se está, em certa medida, corroborando com a manutenção do status atual, e que somente com um esforço conjunto poderemos a médio e longo prazo coibir esses comportamentos reprováveis, tão comuns no cotidiano das Marias."
(Gi Poetisa)
MULHER MENINA - MENINA MULHER
"Essa mulher que se recusa a deixar de ser menina, por não ter condições de suportar as amarguras que acompanham a maturidade, as vezes é fogo, é turbilhão de emoções fortes que dilaceram os corações no entorno. Porém, por vezes é ternura, abraço de mãe capaz de confortar o mais dilacerado coração, mostrando empatia ao menor sinal de injustiça ou intolerância com o outro, abandonando sua família nuclear para se tornar presente nessas situações.
Nela a emoção suplanta a razão, o que a faz muitas vezes agir de forma precipitada, causando dor e divisão, não só aos outros, mas também em si. Até quando continuará fugindo da maturidade, das lições que a vida generosamente lhes oferece? Até quando fugirá da dor que é crescer, pois todo crescimento demanda não só sofrimento, mas também morte.
Foi pela morte que recebemos o dom da vida. Nossos acestais tiveram que ir para outro plano para que pudéssemos continuar suas jornadas, por meio de seus ensinamentos e exemplos de vida.
É também pela morte da flor que nascem os frutos, que ao morrer dão início a novas vidas, pois a natureza é cíclica, e nós enquanto dela integrantes também o somos. Nascemos, crescemos, nos reproduzimos e partimos. Partimos para que nosso exemplo e plantio, venha a beneficiar novos seres. Então pensemos, será que esse medo de crescer não está obstruindo o dom da vida?
Será que ao lutar contra o amadurecimento não estará errando a mão no plantio? Como colherá bons frutos se não semeou no momento, quantidade e espaçamento adequados?
Assim como na natureza, ocorre com as vidas humanas, toda ação demanda uma reação e para termos tranquilidade e paz interior temos que buscar o autoconhecimento, mergulhar fundo na alma para entender o que causou as feridas, para assim buscar a cicatrização destas, e evitar que novas surjam. É preciso compreender que buscar a realização pessoal cabe a cada ser, que não podemos projetar nossa realização no outro, seja companheiro, amigos ou filhos, pois cada ser é único e, que é essa unicidade que o torna responsável por sua própria evolução, e torna a convivência entre os seres um eterno aprendizado."
(Gi Poetisa)
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